Namorei por um tempo considerável, tendo em conta a minha idade, e muitos eram contra, até mesmo minha famÃlia. Não eram contra pela idade, mas pela privação que aquele relacionamento causava. Encontrei o homem que eu sempre desejei, carinhoso e romântico ao extremo, mas que tinha dois defeitos que decidi ignorar desde o inÃcio.
O primeiro defeito era ser ciumento ao extremo, do tipo possessivo, que quer te guardar dentro de uma caixinha de vidro e colocar no cantinho do quarto, pra que nem mesmo as visitas pudessem ter contato e ele pudesse admirar e te ter só pra ele.
O segundo era não ter uma vida acadêmica. O maior problema disso era ele não entender que eu estava em outra cidade, em uma faculdade e que isso exigia tempo e energia. Que isso significava se envolver com pessoas, afinal, os contatos são importantes. Que isso significava sair para manter amizades. Que isso significava ir a congressos para crescer na carreira.
Ora, imagine só a reação de uma pessoa que procurava te manter na caixinha, quando você decide ganhar o mundo!
Assim foram os anos em que passei ao lado dele, sem poder sair, sem firmar as amizades (com mulheres mesmo), sem estudar tanto, pois tudo deveria ser para ele.
Aos poucos fui me perdendo, até que um dia passou dos limites e dei um basta!
Hoje, vejo que não devemos abdicar do nosso tempo por ninguém, mas ninguém mesmo. Quando tudo passa, o que resta é você com sua vida e com você mesmo. O que sobraria de você após seu relacionamento? Um amigo que você mal se lembra da última vez que conversaram? Umas roupas novas que nunca usou para sair com alguém além do namorado? Uma agenda vazia, após cancelar todos os planos com ele? Uma auto-estima baixa, pois só tinha elogios pra ele, e não para você?
Talvez este seja o segredo: perca a pessoa, perca quem você achava ser sua outra metade, mas faça isso para não se perder, para ver que ninguém é meio, que somos inteiros e podemos estar com qualquer um, que amor não se trata de metades que se complementam, mas de inteiros que, juntos, são dois. Duas pessoas distintas, que têm suas próprias vidas e que, caso se separem, não saiam pela metade.
Afinal, depois de tudo, aprendemos que se encontrar só depois do fim leva tempo. Temos duas mãos. Uma para dar à pessoa que anda ao nosso lado. A outra é pra levarmos nossa vida. Caso a pessoa esteja exigindo muito de você, solte-a e agarre a vida com as duas mãos, siga seu caminho. Mais pra frente vai encontrar alguém que não te faça escolher entre quem dar a mão, que vai caminhar do seu lado sem espernear e sem te cansar, vai te puxar pra frente, e vocês 3 chegarão mais longe: ele, você e a vida.